A Quinta da Regaleira é uma junção de várias correntes artísticas e arquitetônicas, do gótico ao manuelino, passando pelo renascentista. O resultado, como podemos vislumbrar, é uma criação única, cheia de encantos mágicos e detalhes que unem a história portuguesa ao lado mítico e esotérico associado à Serra de Sintra.
A serra de Sintra é o prolongamento da Cordilheira da Serra da Estrela (por isso também é conhecida como Monte da Lua). Sua fauna é rica e sua vegetação, única, devido ao alto índice pluviométrico do local. Lá estão localizados o Castelo do Mouros, o Palácio da Pena, o Convento dos Capuchos, o Palácio Nacional de Sintra, o Palácio de Monserrat e a estrela do post de hoje, a Quinta da Regaleira.
A Quinta, ou Palácio da regaleira também é conhecida como Palácio dos Milhões, porque seu idealizador e 1º proprietário, António Augusto Carvalho Monteiro, contratou o arquiteto italiano Luigi
Manini para realizar seu sonho milionário, situado na encosta da serra.
O Palácio possui uma grandiosa torre octogonal, e é rodeado de luxuriantes jardins,
lagos, grutas e construções enigmáticas, que, segundo dizem, abrigam segredos alquímicos. Carvalho Monteiro tinha queria um espaço grandioso, onde pudesse viver rodeado de símbolos que representassem seus interesses e ideologias. Ele quis ressucitar o passado glorioso de Portugal enriquecido com o simbolismo de temas esotéricos, como Maçonaria, templários e Rosa-Cruz.
BOSQUE
O bosque que ocupa a maior parte do local começa ordenado e baixo, e fica progressivamente mais selvagem conforme vamos chegando ao topo.
PATAMAR DOS DEUSES
Nesse terraço, estátuas de vários seres divinos são apresentadas, entre elas, 12 figuras da mitologia greco-romana, representantes das doze hierarquias criadoras, os signos do zodíaco.
Uma curiosidade: ai está a estátua de um leão, que é uma equivalência ao sol, e na alquimia, ao ouro.
POÇO INICIÁTICO
Uma galeria subterrânea com um escadaria em espiral sustentada por colunas esculpidas formam o Poço Iniciático. São 9 patamares separados por lances de 15 degraus cada um, alusão à Divina Comédia, de Dante Alighieri, representantes dos 9 círculos do inferno, do paraíso ou do purgatório. No fundo do poço, em mármore, está uma rosa dos ventos sobre uma cruz templária.
A simbologia desse local está diretamente relacionada com a crença de que a terra é o útero materno de onde a vida nasce, mas é também o seu sepulcro final.
O poço está ligado através de galerias ou túneis a outros pontos da Quinta, a Entrada dos Guardiães, o Lago da Cascata e o Poço Imperfeito. Essas passagens estão cobertas de pedra importada da orla marítima da região de Peniche, sugestionando um mundo submerso. É o momento em que nos deparamos com uma gruta labiríntica, e o caminho a escolher deve ser aquele que conduz à luz refletida num magnífico lago. A água aparece aqui, como em toda a Quinta, como elemento purificador no final da caminhada iniciática.
CAPELA DA SANTÍSSIMA TRINDADE
A fachada já é um espetáculo à parte que mistura duas correntes, gótica e manuelina, onde estão representados Santa Teresa d'Ávila, Santo Antonio, Deus-Pai e o mistério da Anunciação (quando o anjo Gabriel vem à terra dizer a Maria que ela terá um filho do Senhor). No interior, uma pintura da Coroação de Maria por Cristo, onde a Virgem ostenta as três cores da Obra Alquímica- azul, branco e vermelho- e uma faixa dourada que representa o ouro alquímico. Ali também concontramos a imagem do Delta Radiante, com o lho de Deus sobreposto à cruz templária, o emblema maçônico do Grande Olho Arquiteto do Universo.
GRUTA DE LEDA
Uma escultura simbolicamente enigmática: uma dama segurando uma pomba e acompanhada de um cisne. É a representação de uma mortal por quem Zeus se apaixona. nem precisa dizer que Zeus é o cisne e a pomba, o espírito.
TORRE
A Torre da Regaleira foi construída para dar a ilusão, no topo, de estar no eixo do mundo.
Dos jardins deslumbrantes à Capela, a Quinta da Regaleira é puro misticismo e deleite para os olhos. É a entrada para uma dimensão alternativa que pode despertar nossos sonhos mais secretos.